NOS BEATS DO CORACAO DE UM MUSARANHO

NOS BEATS DO CORACAO DE UM MUSARANHO

NOS BEATS DO CORACAO DE UM MUSARANHO

  • Editora7 LETRAS
  • Modelo: 9555883
  • Disponibilidade: Em estoque
  • R$ 39,20

    R$ 49,00
Muitos dos poemas de Vitória Vozniak são versados na arte da investigação. Querem encurralar o que é, e o que não é: bissexual, uma mulher, uma mulher sozinha, uma verdade. Enquanto os enunciados de definição vão errando seus caminhos, vagueando livres e apontando os enganos dos discursos correntes, perguntas vão se empilhando, exorbitando, provocando novos recenseamentos. Quanto tempo vive um centauro? De que serve uma árvore que não dá fruto? Por que Atlas é um homem? De quem é o corpo de Maria? Para quem a morte é tranquila?

Nos beats do coração de um musaranho se sobressai nesse espaço de jogo, exibindo nuances variadas de humor: do divertido, que convida à gargalhada alta, até o fino do deboche, do jocoso, o sangue nos olhos do humor corrosivo. Com essa altivez, com essa liberdade, os versos apontam para estruturas de poder patriarcais opressivas e excludentes, e assim as desestabilizam.

Não raro é na zombaria que o poema expõe as contradições e as hipocrisias, as brutalidades, as violências e interdições sofridas pelas mulheres em sociedade. Tampouco há espaço para reverências e sacralizações caducas, das vaidades da cena literária aos talheres de prata na herança da burguesia. A desconstrução sagaz das convenções acende outra luz de questionamento, abre mais uma brecha para a reflexão crítica – e o faz na força do riso, com o dedo na cara das práticas estabelecidas, tornando nu o rei nu.

À vontade no coloquial e nos experimentos linguísticos, nessa toada crítica e bem-humorada, no remix de paródias e aprendizados da poesia das contemporâneas (como Angélica Freitas, a referência mais evidente e frequente), os poemas deste livro também convocam, interpelam quem lê e encaram firme de volta; ora arrolando testemunhas, ora alinhando velhos valores no muro para um franco disparo, contra tudo o que estipula e impõe falsos critérios reguladores de condutas e mesmo de denominações. “Que realidade é essa?”, o poema coloca na mesa.

Em sua estreia poética, Vitória Vozniak se serve de um corpo-mente afiado como campo de experimento. Nessa peleia imaginativa e intelectual, algumas demonstrações miram no exagero, no que extrapola; são exuberantes e incríveis como a grande mulher, que carrega Atlas nas costas e aparece na cidade pacata tornando todos à volta tão pequenos. A inventividade revela, como no descobrimento da velha quimera canônica do homem-que-lê-homem. O peito bate de volta: vem, vem dizer na minha cara, o poema diz, mas venha de vir mesmo. Que do outro lado há alguém. Alguém prontinho. É preciso ter coragem para ver, e para zoar, e gozar, e reclamar uma vingança que é assim, prontinha, prontinha de viver.
Características
Autor Vitória Vozniak
Biografia Muitos dos poemas de Vitória Vozniak são versados na arte da investigação. Querem encurralar o que é, e o que não é: bissexual, uma mulher, uma mulher sozinha, uma verdade. Enquanto os enunciados de definição vão errando seus caminhos, vagueando livres e apontando os enganos dos discursos correntes, perguntas vão se empilhando, exorbitando, provocando novos recenseamentos. Quanto tempo vive um centauro? De que serve uma árvore que não dá fruto? Por que Atlas é um homem? De quem é o corpo de Maria? Para quem a morte é tranquila?

Nos beats do coração de um musaranho se sobressai nesse espaço de jogo, exibindo nuances variadas de humor: do divertido, que convida à gargalhada alta, até o fino do deboche, do jocoso, o sangue nos olhos do humor corrosivo. Com essa altivez, com essa liberdade, os versos apontam para estruturas de poder patriarcais opressivas e excludentes, e assim as desestabilizam.

Não raro é na zombaria que o poema expõe as contradições e as hipocrisias, as brutalidades, as violências e interdições sofridas pelas mulheres em sociedade. Tampouco há espaço para reverências e sacralizações caducas, das vaidades da cena literária aos talheres de prata na herança da burguesia. A desconstrução sagaz das convenções acende outra luz de questionamento, abre mais uma brecha para a reflexão crítica – e o faz na força do riso, com o dedo na cara das práticas estabelecidas, tornando nu o rei nu.

À vontade no coloquial e nos experimentos linguísticos, nessa toada crítica e bem-humorada, no remix de paródias e aprendizados da poesia das contemporâneas (como Angélica Freitas, a referência mais evidente e frequente), os poemas deste livro também convocam, interpelam quem lê e encaram firme de volta; ora arrolando testemunhas, ora alinhando velhos valores no muro para um franco disparo, contra tudo o que estipula e impõe falsos critérios reguladores de condutas e mesmo de denominações. “Que realidade é essa?”, o poema coloca na mesa.

Em sua estreia poética, Vitória Vozniak se serve de um corpo-mente afiado como campo de experimento. Nessa peleia imaginativa e intelectual, algumas demonstrações miram no exagero, no que extrapola; são exuberantes e incríveis como a grande mulher, que carrega Atlas nas costas e aparece na cidade pacata tornando todos à volta tão pequenos. A inventividade revela, como no descobrimento da velha quimera canônica do homem-que-lê-homem. O peito bate de volta: vem, vem dizer na minha cara, o poema diz, mas venha de vir mesmo. Que do outro lado há alguém. Alguém prontinho. É preciso ter coragem para ver, e para zoar, e gozar, e reclamar uma vingança que é assim, prontinha, prontinha de viver.
Comprimento 23
Edição 1
Editora 7 LETRAS
ISBN 9786559055883
Largura 16
Páginas 116

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